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Rodrigo Tosta – Coach RT Performance

TRANSIÇÃO, A 4ª MODALIDADE DO TRIATHLON


Quando falamos em triathlon, imaginamos que se trata da união de três modalidades, certo? Não, não é bem assim! Na verdade, entre cada um dos esportes que formam o triathlon existe o que chamamos de transições, que representam a passagem de um esporte para outro e que tem importância fundamental seja em provas curtas ou longas.

A primeira transição que é da natação para o ciclismo, mais conhecida pelos triatletas como T1, normalmente é mais complicada devido aos seguintes fatores:

- durante a natação, mantemos nosso corpo na posição horizontal, o que faz com que o fluxo sanguíneo se concentre principalmente na parte superior, onde a demanda energética é maior. Ao terminar essa etapa precisamos levantar, ou seja, mudar o posicionamento do corpo e consequentemente o fluxo sanguíneo terá que se reorganizar, pois agora a maior demanda energética será nos membros inferiores. Quando não estamos habituados a essa mudança, podemos ter quadros de tontura, náuseas e até desmaios (dependendo das condições climáticas no dia da prova, já que o forte calor também pode dificultar essa adaptação). Uma dica que dou aos meus atletas é simular isso nos treinos, “quebrando” o tempo proposto para o treino com saídas do mar ou lago e correndo por 30/40 segundos antes de retornar para a água. Na piscina costumo passar séries longas e progressivas de 500 a 1000 metros onde os intervalos são feitos dando uma volta correndo ao redor da piscina.

- outra situação que, por vezes, torna essa transição mais demorada é o fato de estarmos usando roupas de borracha (nas provas em que esse equipamento é permitido), visto que por serem bem justas ao corpo, são difíceis de serem retiradas, tanto é que, em provas longas, é comum o auxílio dos staffs para essa “árdua” tarefa! A dica aqui, fica por conta do uso de produtos que facilitem a retirada da roupa, como condicionador de cabelo, ou lubrificantes específicos (existem várias marcas), cortar alguns centímetros as pernas da roupa para que o orifício por onde passam os pés fique mais largo, além de praticar retirada da roupa de borracha cada vez mais rápido após os treinos em que esse material é utilizado.

- vale também lembrar que quando usamos a roupa de borracha, podemos nadar com a roupa que iremos pedalar por baixo dela, o que poupa tempo. Se a roupa de borracha não for permitida uma boa opção são os speedsuits, que não tem a mesma flutuação da roupa de borracha, mas o coeficiente de atrito com a água é menor que a o da pele e ainda nos permite usar a roupa de prova por baixo ou ainda macaquinhos sem bolsos (mas se você for fazer uma prova longa, lembre-se de usar um “fuel belt” para levar sua nutrição na etapa de corrida).

- outro fator que é importante lembrar é que devemos criar alguma referência para encontrar a bike em meio a tantas outras. Vale colocar sob a bike uma toalha de cor extravagante para chamar nossa atenção, verificar se existe alguma coisa que está na mesma direção da bicicleta e possa nos orientar, como uma árvore, um poste ou uma tenda. Eu costumo contar as fileiras de bicicletas desde a entrada na transição até o local onde minha bike está. Já vi pessoas amarrando balões de gás no cavalete, assim é fácil identificar o local mesmo de longe. Isso sim é criatividade!!!

- crie uma ordem das tarefas que devem ser realizadas dentro da transição e memorize cada etapa. Isso te ajuda a não esquecer nada. Procure ser o mais simples e objetivo possível, deixando na bicicleta tudo que puder, para ganhar tempo. Em relação à sapatilha, você pode deixá-la presa nos pedais, mas saiba que isso requer algum treino, pois terá que calçá-las em movimento e normalmente com bastante gente ao seu redor. Treine essa dinâmica sempre que for subir em sua bicicleta a partir de agora.

Já a transição do ciclismo para a corrida, também chamada de T2, tende a ser mais rápida, mas mesmo assim devemos tomar alguns cuidados e manter a atenção em todos os detalhes:

- chegando à área de transição devemos ter atenção à linha de desmonte (faixa que delimita o local onde os atletas precisam descer da bicicleta), pois é comum, principalmente em provas curtas, vermos atletas serem punidos por passarem por essa linha ainda sobre a bicicleta ou pelo menos perder tempo, tendo que retornar e descer da bike no local correto.

- você não tem a necessidade de descer da bicicleta em movimento, pois o tempo que se ganha com isso é irrelevante (Chrissie Wellington, quatro vezes campeã no Ironman do Havaí sempre parava a bicicleta antes de descer dela), mas se você acha plasticamente bonito e que é um certo tipo de status essa manobra arrojada, treine bastante essa dinâmica sempre que for finalizar seus treinos de ciclismo para se familiarizar com esse movimento.

- mais uma vez, crie uma ordem simples e objetiva das tarefas que tem que realizar dentro da transição e memorize cada etapa para não sair correndo e esquecer alguma coisa. Uma boa dica que pode lhe fazer ganhar alguns segundos preciosos é deixar tudo que você precisa dentro de uma pequena sacola plástica para que possa correr com ela na mão, após calçar os tênis, assim você pode aos poucos ir pegando e organizando sua nutrição, boné, óculos escuros e qualquer outro item que seja importante para você.

Se você é um atleta iniciante e seu objetivo é completar a prova, não se preocupe muito com o tempo gasto dentro das transições, apenas não perca tempo à toa. Você pode levar uma “listinha” com tudo que tem que fazer para não esquecer de nada, pode trocar de roupa entre as modalidades se for se sentir mais confortável e aproveite para curtir cada momento, pois a área de transição é um local de encontro com os amigos e familiares e é sempre legal receber o apoio e incentivo de todos, mesmo que durante aqueles poucos minutinhos que estamos ali.

Agora, se você está buscando melhorar o seu tempo, um lugar no pódio ou a classificação para o mundial a história é outra! Você deve otimizar ao máximo seu tempo nas transições, pois cada segundo que você ganha ali, são contabilizados como economia de energia para reduzir esse mesmo tempo nadando, pedalando e/ou correndo. Portanto crie seu plano para as transições e treine-o constantemente, cronometrando e visualizando como você pode criar formas de ser ainda mais rápido sem deixar nada pelo caminho.

Bons treinos...


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